Laura,querida!

Como soa falso tal saudação,não?!
Mas era assim que se começavam as cartas,quando ainda se escreviam cartas e o correio não vivia em greve nem o e-mail existia.
Nem tua quiridez é falsa,mas enfim,se faz estranho...
Estranho também se faz a nossa amizade,que sinto se esvaindo como todos de mim,mesmo que fosse chato o diário aluguel da narração da tua vida e das tuas tristezas e alegria frente ao amor eu me sentia mais ligada a ti do que agora.
Talvez tu não estejas mais amando a ninguém ou simplesmente me esqueceu...
Já me decidi não vou enviar-lhe carta alguma,pois nessa,só falarei de mim e comigo ficará sepultada a minha tristeza e solidão e,os erros cometidos por esse meu português fraco.
Tenho a certeza de que ninguém mais pensa em mim,sei que isso é besteira,mas sinto-me cada vez mais fria e incapaz de gritar e de sentir e dizer que AMO ou ODEIO,ando infeliz e sem perspectivas,esperanças ou atitudes já não as tenho.
Preciso urgentemente de companhia,mas não quero nunca mais,pelo menos por hora,por os pés na rua.Não quero ver gentes e rostos nem gestos ou conhecer gostos.
Mas necessito nesse instante porco e mal-amado de alguém
Alguém para o deleite,a lasciva,a volúpia,a agitação e a calmaria,a tempestade e a bonança.
Para despejar essa quantidade infinita de sentimentos que habitam em mim e eu digo,juro,minto não os ter.
Preciso e quero agora,mas não vou nem posso mexer-me daqui...
Vou disser adeus antes que as lágrimas e sentimentos de morte venham a mim,vou agora de fato escreve-te uma carta Laura,querida!,perguntar pelas crianças e por todos e dizer que se me aguentar até o próximo domingo passo ai para te ver...

Beijos,não esquece de mim!!


Maria