Gentileza

- o que tu vê?
- que mundo é pequeno e que vida não vale nada – disse ele, e riu depois – não, besteira, isso é de um poema.
- é eu sei – respondi – tu me ama – perguntei
- hoje? Nem tanto como no começo, mas amo sim.
- nossa como tu é grosso, isso dói sabia?
- é eu sei, mas hoje eu tirei o dia pra te irritar docinho, Beckett saca?
- não, não saco, não me ligo em ignorância.
- não é ignorância flor, é só que hoje eu resolvi fazer a manutenção do meu amor.
- como assim?
- ai sabe aquela coisa de que só existe a paz se existe a guerra e tal como na música do Pedro Luís?
- não, não sei não.
- ai filha não te faz, tu sabe sim.
- é, é eu sei, mas e daí?
- e daí que o Beckett fala justamente disso, mas não como a paz e a guerra e sim como o amor e o ódio, bem como na música flor, todo mundo tira um diazinho pra infernizar o outro quando realmente se gosta de alguém, e é isso que eu vou fazer hoje.
- ah ta bom, obrigada por me comunicar dessas tuas intenções, mas agora levanta e te veste que eles já devem ta nos esperando.
- o que tu vai vestir?
-ainda não sei ainda, mas acho que vou por uma calça jeans...
-não,põe aquela saia que eu gosto,vai tu fica tão linda nela
-não, não vou por.
-ué por quê?
-não tô a fim de te agradar hoje.
- é justo – disse ele.
-tá, mas agora te meche.
-o que tu acha deles, assim como um casal?
-acho que eles tão melhor que nós, pelo menos aparentam.
-é eu também acho não tendo que olhar pra tua cara o dia inteiro eu também estaria melhor.
-CACHORRO, SAI DA MINHA CAMA AGORA, ANDA SEU IDOTA SAI.
Ele não diz nada, vem contra mim com uma fúria incomum, me joga na cama e olhando nos meus olhos diz:
- a cama também é minha – e me beija, loucamente e eu já sem forças acato a tudo o que ele me faz o que nós fazemos...
-Atende ao telefone, ta ai do teu lado.
-Alo?...-desligo - eram eles, tavam chateados porque nós não aparecemos na festa, ficaram nos esperando.. Mas enfim.
-hoje minha festa é tu – e riu – isso é o mais gentil que eu vou conseguir te dizer hoje,docinho.
- e foi.